Revolução Industrial
Revolução Industrial consistiu em um conjunto de mudanças
tecnológicas com profundo impacto no processo produtivo em nível econômico e
social. Iniciada na Inglaterra em meados do século XVIII, expandiu-se pelo
mundo a partir do século XIX.
Ao longo do processo (que de acordo com alguns autores se
registra até aos nossos dias), a era agrícola foi superada, a máquina foi
suplantando o trabalho humano, uma nova relação entre capital e trabalho se
impôs, novas relações entre nações se estabeleceram e surgiu o fenômeno da
cultura de massa, entre outros eventos.
Essa transformação foi possível devido a uma combinação de
fatores, como o liberalismo econômico, a acumulação de capital e uma série de
invenções, tais como o motor a vapor. O capitalismo tornou-se o sistema
econômico vigente.
Contexto histórico
Antes da Revolução Industrial, a atividade produtiva era
artesanal e manual (daí o termo manufatura), no máximo com o emprego de algumas
máquinas simples. Dependendo da escala, grupos de artesãos podiam se organizar
e dividir algumas etapas do processo, mas muitas vezes um mesmo artesão cuidava
de todo o processo, desde a obtenção damatéria-prima até à comercialização do
produto final. Esses trabalhos eram realizados em oficinas nas casas dos
próprios artesãos e os profissionais da época dominavam muitas (se não todas)
etapas do processo produtivo.
Com a Revolução Industrial os trabalhadores perderam o
controle do processo produtivo, uma vez que passaram a trabalhar para um patrão
(na qualidade de empregados ou operários), perdendo a posse da matéria-prima,
do produto final e do lucro. Esses trabalhadores passaram a controlar máquinas
que pertenciam aos donos dos meios de produção os quais passaram a receber
todos os lucros. O trabalho realizado com as máquinas ficou conhecido
por maquinofatura.
Esse momento de passagem marca o ponto culminante de uma
evolução tecnológica, econômica e social que vinha se processando na Europa
desde a Baixa Idade Média, com ênfase nos países onde a Reforma Protestante
tinha conseguido destronar a influência da Igreja Católica: Inglaterra,
Escócia, Países Baixos, Suécia. Nos países fiéis ao catolicismo, a Revolução
Industrial eclodiu, em geral, mais tarde, e num esforço declarado de copiar
aquilo que se fazia nos países mais avançados tecnologicamente: os países
protestantes.
De acordo com a teoria de Karl Marx, a Revolução Industrial,
iniciada na Grã-Bretanha, integrou o conjunto das chamadas Revoluções Burguesas
do século XVIII, responsáveis pela crise do Antigo Regime, na passagem do
capitalismo comercial para o industrial. Os outros dois movimentos que a
acompanham são a Independência dos Estados Unidos e a Revolução Francesa que,
sob influência dos princípios iluministas, assinalam a transição da Idade
Moderna para a Idade Contemporânea. Para Marx, o capitalismo seria um produto
da Revolução Industrial e não sua causa.
Com a evolução do processo, no plano das Relações
Internacionais, o século XIX foi marcado pela hegemonia mundial britânica, um
período de acelerado progresso econômico-tecnológico, de expansão colonialista
e das primeiras lutas e conquistas dos trabalhadores. Durante a maior parte do período,
o trono britânico foi ocupado pela rainha Vitória (1837-1901), razão pela qual
é denominado como Era Vitoriana. Ao final do período, a busca por novas áreas
para colonizar e descarregar os produtos maciçamente produzidos pela Revolução
Industrial produziu uma acirrada disputa entre as potências industrializadas,
causando diversos conflitos e um crescente espírito armamentista que culminou,
mais tarde, na eclosão, da Primeira Guerra Mundial (1914).
A Revolução Industrial ocorreu primeiramente na Europa
devido a três fatores: 1) os comerciantes e os mercadores europeus eram vistos
como os principais manufaturadores e comerciantes do mundo, detendo ainda a
confiança e reciprocidade dos governantes quanto à manutenção da economia em
seus estados; 2) a existência de um mercado em expansão para seus produtos,
tendo a Índia, a África, a América do Norte e a América do Sul sido integradas
ao esquema da expansão econômica européia; e 3) o contínuo crescimento de sua
população, que oferecia um mercado sempre crescente de bens manufaturados, além
de uma reserva adequada (e posteriormente excedente) de mão-de-obra.
O pioneirismo do Reino Unido
Coalbrookdale, cidade britânica, considerada um dos berços
da Revolução Industrial.
O Reino Unido foi pioneiro no processo da Revolução
Industrial por diversos fatores:
Pela aplicação de uma política econômica liberal desde
meados do século XVIII. Antes da liberalização econômica, as atividades
industriais e comerciais estavam cartelizadas pelo rígido sistema de guildas,
razão pela qual a entrada de novos competidores e a inovação tecnológica eram
muito limitados. Com a liberalização da indústria e do comércio ocorreu um
enorme progresso tecnológico e um grande aumento da produtividade em um curto
espaço de tempo.
O processo de enriquecimento britânico adquiriu maior
impulso após a Revolução Inglesa, que forneceu ao seucapitalismo a estabilidade
que faltava para expandir os investimentos e ampliar os lucros.
A Grã-Bretanha firmou vários acordos comerciais vantajosos
com outros países. Um desses acordos foi oTratado de Methuen, celebrado com a
decadência da monarquia absoluta portuguesa, em 1703, por meio do qual
conseguiu taxas preferenciais para os seus produtos no mercado português.
A Grã-Bretanha possuía grandes reservas de ferro e de carvão
mineral em seu subsolo, principais matérias-primas utilizadas neste período.
Dispunham de mão-de-obra em abundância desde a Lei dos Cercamentos de Terras,
que provocou o êxodo rural. Os trabalhadores dirigiram-se para os centros
urbanos em busca de trabalho nas manufaturas.
A burguesia inglesa tinha capital suficiente para financiar
as fábricas, adquirir matérias-primas e máquinas e contratar empregados.
Para ilustrar a relativa abundância do capital que existia
na Inglaterra, pode se constatar que a taxa de juros no final doséculo XVIII
era de cerca de 5% ao ano; já na China, onde praticamente não existia progresso
econômico, a taxa de juros era de cerca de 30% ao ano.
O liberalismo de Adam Smith
.
As novidades da Revolução Industrial trouxeram muitas
dúvidas. O pensador escocês Adam Smith procurou responder racionalmente às
perguntas da época. Seu livro A Riqueza das Nações (1776) é considerado uma das
obras fundadoras da ciência econômica. Ele dizia que o egoísmo é útil para a sociedade.
Seu raciocínio era este: quando uma pessoa busca o melhor para si, toda a
sociedade é beneficiada. Exemplo: quando uma cozinheira prepara uma deliciosa
carne assada, você saberia explicar quais os motivos dela? Será porque ama o
seu patrão e quer vê-lo feliz ou porque está pensando, em primeiro lugar, nela
mesma ou no pagamento que receberá no final do mês? De qualquer maneira, se a
cozinheira pensa no salário dela, seu individualismo será benéfico para ela e
para seu patrão. E por que um açougueiro vende uma carne muito boa para uma
pessoa que nunca viu antes? Porque deseja que ela se alimente bem ou porque
está olhando para o lucro que terá com futuras vendas? Graças ao individualismo
dele o freguês pode comprar boa carne. Do mesmo jeito, os trabalhadores pensam
neles mesmos. Trabalham bem para poder garantir seu salário eemprego.
Portanto, é correto afirmar que os capitalistas só pensam em
seus lucros. Mas, para lucrar, têm que vender produtos bons e baratos. O que,
no fim, é ótimo para a sociedade.
Então, já que o individualismo é bom para toda a sociedade,
o ideal seria que as pessoas pudessem atender livremente a seus interesses
individuais. E, para Adam Smith, o Estado é quem atrapalhava a liberdade dos
indivíduos. Para o autor escocês, "o Estado deveria intervir o mínimo
possível sobre a economia". Se as forças do mercado agissem livremente, a
economia poderia crescer com vigor. Desse modo, cada empresário faria o que bem
entendesse com seu capital, sem ter de obedecer a nenhum regulamento criado
pelo governo. Os investimentos e o comércio seriam totalmente liberados. Sem a
intervenção do Estado, o mercado funcionaria automaticamente, como se houvesse
uma "mão invisível" ajeitando tudo. Ou seja, o capitalismo e a
liberdade individual promoveria o progresso de forma harmoniosa.
Principais avanços tecnológicos
O motor a vapor
As primeiras máquinas a vapor foram construídas na
Inglaterra durante o século XVIII. Retiravam a água acumulada nas minas de
ferro e de carvão e fabricavam tecidos. Graças a essas máquinas, a produção de
mercadorias aumentou muito. E os lucros dos burgueses donos de fábricas
cresceram na mesma proporção. Por isso, os empresários ingleses começaram a
investir na instalação de indústrias.
As fábricas se espalharam rapidamente pela Inglaterra e
provocaram mudanças tão profundas que os historiadoresatuais chamam aquele
período de Revolução Industrial. O modo de vida e a mentalidade de milhões de
pessoas se transformaram, numa velocidade espantosa. O mundo novo do
capitalismo, da cidade, da tecnologia e da mudança incessante triunfou.
As máquinas a vapor bombeavam a água para fora das minas de
carvão. Eram tão importantes quanto as máquinas que produziam tecidos.
As carruagens viajavam a 12 km/h e os cavalos, quando se
cansavam, tinham de ser trocados durante o percurso. Um trem da época alcançava
45 km/h e podia seguir centenas de quilômetros. Assim, a Revolução Industrial
tornou o mundo mais veloz. Como essas máquinas substituiam a força dos cavalos,
convencionou-se em medir a potência desses motores em HP (do inglês horse power
ou cavalo-força).
A classe trabalhadora
A produção manual que antecede à Revolução Industrial
conheceu duas etapas bem definidas, dentro do processo de desenvolvimento do
capitalismo:
O artesanato foi a forma de produção industrial
característica da Baixa Idade Média, durante o renascimento urbano e comercial,
sendo representado por uma produção de caráter familiar, na qual o produtor
(artesão) possuía os meios de produção (era o proprietário da oficina e das
ferramentas) e trabalhava com a família em sua própria casa, realizando todas as
etapas da produção, desde o preparo da matéria-prima, até o acabamento final;
ou seja não havia divisão do trabalho ou especialização para a confecção de
algum produto. Em algumas situações o artesão tinha junto a si um ajudante,
porém não assalariado, pois realizava o mesmo trabalho pagando uma “taxa” pela
utilização das ferramentas.
É importante lembrar que nesse período a produção artesanal
estava sob controle das corporações de ofício, assim como o comércio também se
encontrava sob controle de associações, limitando o desenvolvimento da
produção.
A manufatura, que predominou ao longo da Idade Moderna e na
Antiguidade Clássica, resultou da ampliação do mercado consumidor com o
desenvolvimento do comércio monetário. Nesse momento, já ocorre um aumento na produtividade
do trabalho, devido à divisão social da produção, onde cada trabalhador
realizava uma etapa na confecção de um único produto. A ampliação do mercado
consumidor relaciona-se diretamente ao alargamento do comércio, tanto em
direção ao oriente como em direção à América. Outra característica desse
período foi a interferência do capitalista no processo produtivo, passando a
comprar a matéria-prima e a determinar o ritmo de produção.
A partir da máquina, fala-se numa primeira, numa segunda e
até terceira e quarta Revoluções Industriais. Porém, se concebermos a
industrialização como um processo, seria mais coerente falar-se num primeiro
momento (energia a vapor no século XVIII), num segundo momento (energia
elétrica no século XIX) e num terceiro e quarto momentos, representados
respectivamente pela energia nuclear e pelo avanço da informática, da robótica
e do setor de comunicações ao longo dos séculos XX e XXI (aspectos, porém,
ainda discutíveis).
Na esfera social, o principal desdobramento da revolução foi
a transformação nas condições de vida nos países industriais em relação aos
outros países da época, havendo uma mudança progressiva das necessidades de
consumo da população conforme novas mercadorias foram sendo produzidas.
A Revolução Industrial alterou profundamente as condições de
vida do trabalhador braçal, provocando inicialmente um intenso deslocamento da
população rural para as cidades. Criando enormes concentrações urbanas; a
população deLondres cresceu de 800 000 habitantes em 1780 para mais de 5
milhões em 1880, por exemplo. Durante o início da Revolução Industrial, os
operários viviam em condições horríveis se comparadas às condições dos
trabalhadores do século seguinte. Muitos dos trabalhadores tinham um cortiço
como moradia e ficavam submetidos a jornadas de trabalho que chegavam até a 80
horas por semana. O salário era medíocre (em torno de 2.5 vezes o nível de
subsistência) e tanto mulheres como crianças também trabalhavam, recebendo um
salário ainda menor.
A produção em larga escala e dividida em etapas iria
distanciar cada vez mais o trabalhador do produto final, já que cada grupo de
trabalhadores passava a dominar apenas uma etapa da produção, mas sua
produtividade ficava maior. Como sua produtividade aumentava os salários reais
dos trabalhadores ingleses aumentaram em mais de 300% entre1800 até 1870.
Devido ao progresso ocorrido nos primeiros 90 anos de industrialização, em 1860
a jornada de trabalho na Inglaterra já se reduzia para cerca de 50 horas
semanais (10 horas diárias em cinco dias de trabalho por semana).
Horas de trabalho por semana para trabalhadores adultos nas
indústrias têxteis:
1780 - em torno de 80 horas por semana
1820 - 67 horas por semana
1860 - 53 horas por semana
2007 - 46 horas por semana
Segundo os socialistas, o salário, medido a partir do que é
necessário para que o trabalhador sobreviva (deve ser notado de que não existe
definição exata para qual seja o "nível mínimo de subsistência"),
cresceu à medida que os trabalhadores pressionam os seus patrões para tal, ou
seja, se o salário e as condições de vida melhoraram com o tempo, foi graças à
organização e aos movimentos organizados pelos trabalhadores.
Movimentos
Alguns trabalhadores, indignados com sua situação, reagiam
das mais diferentes formas, das quais se destacam:
Movimento Ludista (1811-1812)
Reclamações contra as máquinas inventadas após a revolução
para poupar a mão-de-obra já eram normais. Mas foi em1811 que o estopim
estourou e surgiu o movimento ludista, uma forma mais radical de protesto. O
nome deriva de Ned Ludd, um dos líderes do movimento. Os luditas chamaram muita
atenção pelos seus atos. Invadiram fábricas e destruíram máquinas, que, segundo
os luditas, por serem mais eficientes que os homens, tiravam seus trabalhos,
requerendo, contudo, duras horas de jornada de trabalho. Os manifestantes
sofreram uma violenta repressão, foram condenados à prisão, à deportação e até
à forca. Os luditas ficaram lembrados como "os quebradores de
máquinas".
Anos depois os operários ingleses mais experientes adotaram métodos
mais eficientes de luta, como a greve e o movimento sindical.
Movimento Cartista (1837-1848)
Em seqüência veio o movimento "cartista",
organizado pela "Associação dos Operários", que exigia melhores
condições de trabalho como:
particularmente a limitação de oito horas para a jornada de
trabalho
a regulamentação do trabalho feminino
a extinção do trabalho infantil
a folga semanal
o salário mínimo
Este movimento lutou ainda pelos direitos políticos, como o
estabelecimento do sufrágio universal (apenas para os homens, nesta época) e
extinção da exigência de propriedade para se integrar ao parlamento e o fim do
voto censitário. Esse movimento se destacou por sua organização, e por sua
forma de atuação, chegando a conquistar diversos direitos políticos para os
trabalhadores.
As "trade-unions"
Os empregados das fábricas também formaram associações
denominadas trade unions, que tiveram uma evolução lenta em suas
reivindicações. Na segunda metade do século XIX, as trade unions evoluíram para
os sindicatos, forma de organização dos trabalhadores com um considerável nível
de ideologização e organização, pois o século XIX foi um período muito fértil
na produção de idéias antiliberais que serviram à luta da classe operária, seja
para obtenção de conquistas na relação com o capitalismo, seja na organização
do movimento revolucionário cuja meta era construir osocialismo objetivando o
comunismo. O mais eficiente e principal instrumento de luta das trade unions
era a greve.
Saúde e bem-estar econômico
Estudos sobre as variações na altura média dos homens no
norte da Europa, sugerem que o progresso econômico gerado pela industrialização
demorou varias décadas até beneficiar a população como um todo. Eles indicam
que, em média, os homens do norte europeu durante o início da Revolução
Industrial eram 7,6 centímetros mais baixos que os que viveram 700 anos antes,
na Alta Idade Média. É estranho que a altura média dos ingleses tenha caído
continuamente durante os anos de 1100 até o início da revolução industrial em
1780, quando a altura média começou a subir. Foi apenas no início do século XX
que essas populações voltaram a ter altura semelhante às registradas entre os
séculos IX e XI[3]. A variação da altura média de uma população ao longo do
tempo é considerada um indicador de saúde e bem-estar econômico.
A industrialização na Europa: a partir de 1815
Até 1850, a Inglaterra continuou dominando o primeiro lugar
entre os países industrializados. Embora outros países já contassem com
fábricas e equipamentos modernos, esses eram considerados uma "miniatura
de Inglaterra", como por exemplo os vales de Ruhr e Wupper na Alemanha,
que eram bem desenvolvidos, porém não possuíam a tecnologia das fábricas
inglesas.
Na Europa, os maiores centros de desenvolvimento industrial,
na época, eram as regiões mineradoras de carvão; lugares como o norte da
França, nos vales do Rio Sambre e Meuse, na Alemanha, no vale de Ruhr, e também
em algumas regiões da Bélgica. A Alemanha nessa época ainda não havia sido
unificada. Eram 39 pequenos reinos e dentre esses a Prússia, que liderava a
Revolução Industrial. A Alemanha se unificou em 1871, quando a Prússia venceu a
Guerra Franco-Prussiana.
Fora estes lugares, a industrialização ficou presa:
às principais cidades, como Paris e Berlim;
aos centro de interligação viária, como Lyon, Colônia,
Frankfurt, Cracóvia e Varsóvia;
aos principais portos, como Hamburgo, Bremen, Roterdã, Le
Havre, Marselha;
a polos têxteis, como Lille, Região do Ruhr, Roubaix,
Barmen-Elberfeld (Wuppertal), Chemmitz, Lodz e Moscou;
e a distritos siderurgicos e indústria pesada, na bacia do
rio Loire, do Sarre, e da Silésia.
De 1830 a 1929 : A Expansão pelo mundo
Após 1830, a produção industrial se descentralizou da
Inglaterra e se expandiu rapidamente pelo mundo, principalmente para o noroeste
europeu, e para o leste dos Estados Unidos da América. Porém, cada país se
desenvolveu em um ritmo diferente baseado nas condições econômicas, sociais e
culturais de cada lugar.
Na Alemanha com o resultado da Guerra Franco-prussiana em
1870, houve a Unificação Alemã que, liderada porBismarck, impulsionou a
Revolução Industrial no país que já estava ocorrendo desde 1815. Foi a partir
dessa época que a produção de ferro fundido começou a aumentar de forma
exponencial.
Na Itália a unificação política realizada em 1870, à
semelhança do que ocorreu na Alemanha, impulsionou, mesmo que atrasada, a
industrialização do país. Essa só atingiu ao norte da Itália, pois o sul
continuou basicamente agrário.
Muito mais tarde, começou a industrialização na Rússia, nas
últimas décadas do século XIX. Os principais fatores para que ela acontecesse
foram a grande disponibilidade de mão-de-obra, intervenção governamental na
economia através de subsídios e investimentos estrangeiros à indústria.
Nos Estados Unidos a industrialização começou no final do
século XVIII, e foi somente após a Guerra da Secessãoque todo o país se tornou
industrializado. A industrialização relativamente tardia dos EUA em relação à
Inglaterra pode ser explicada pelo fato de que nos EUA existia muita terra per
capita, já na Inglaterra existia pouca terra per capita, assim os EUA tinham
uma vantagem comparativa na agricultura em relação à Inglaterra e
consequentemente demorou bastante tempo para que a indústria ficasse mais
importante que a agricultura. Outro fator é que os Estados do sul eram
escravagistas o que retardava a acumulação de capital, como tinham muita terra
eram essencialmente agrários, impedindo a total industrialização do país que
até a segunda metade do século XIX era constituído só pelos Estados da faixa
leste do atual Estados Unidos.
O término do conflito resultou na abolição da escravatura o
que elevou a produtividade da mão de obra. aumentando assim a velocidade de
acumulação de capital, e também muitas riquezas naturais foram encontradas no
período incentivando a industrialização.
A modernização do Japão data do início da era Meiji, em
1867, quando a superação do feudalismo unificou o país. Apropriedade privada
foi estabelecida. A autoridade política foi centralizada possibilitando a
intervenção estatal do governo central na economia, o que resultou no subsidio
a indústria. E como a mão-de-obra ficou livre dos senhores feudais, ocorreu
assimilação da tecnologia ocidental e o Japão passou de um dos países mais
atrasados do mundo a um país industrializado.
As consequências da Revolução Industrial
A partir da Revolução Industrial o volume de produção
aumentou extraordinariamente: a produção de bens deixou de ser artesanal e
passou a ser maquinofaturada; as populações passaram a ter acesso a bens
industrializados e deslocaram-se para os centros urbanos em busca de trabalho.
As fábricas passaram a concentrar centenas detrabalhadores, que vendiam a sua
força de trabalho em troca de um salário.
Outra das consequências da Revolução Industrial foi o rápido
crescimentoeconômico. Antes dela, o progresso econômico era sempre lento
(levavam séculos para que a renda per capita aumentasse sensivelmente), e após,
arenda per capita e a população começaram a crescer de forma acelerada nunca
antes vista na história. Por exemplo, entre 1500 e 1780 a população da
Inglaterra aumentou de 3,5 milhões para 8,5, já entre 1780 e 1880 ela saltou
para 36 milhões, devido à drástica redução da mortalidade infantil.
A Revolução Industrial alterou completamente a maneira de
viver das populações dos países que se industrializaram. As cidades atraíram os
camponeses e artesãos, e se tornaram cada vez maiores e mais importantes.
Na Inglaterra, por volta de 1850, pela primeira vez em um
grande país, havia mais pessoas vivendo em cidades do que no campo. Nas
cidades, as pessoas mais pobres se aglomeravam em subúrbios de casas velhas e
desconfortáveis, se comparadas com as habitações dos países industrializados
hoje em dia. Mas representavam uma grande melhoria se comparadas as condições
de vida dos camponeses, que viviam em choupanas de palha. Conviviam com a falta
deágua encanada, com os ratos, o esgoto formando riachos nas ruas esburacadas.
O trabalho do operário era muito diferente do trabalho do
camponês: tarefas monótonas e repetitivas. A vida na cidade moderna significava
mudanças incessantes. A cada instante, surgiam novas máquinas, novos produtos,
novos gostos, novas modas.
As doutrinas sociais e econômicas
Essas doutrinas coincidiam em alguns pontos fundamentais:
eram contrárias ao liberalismo dos economistas do século XVIII e ao
capitalismo, e favoráveis ao restabelecimento da "soberania" do
trabalho. Vejamos algumas dessas doutrinas: Socialismo utópico
O socialismo utópico concebia a organização de uma sociedade
de caráter ideal. Contudo, esperava que a realização concreta dessa sociedade
se desse através de concessões dos governantes ou dos capitalistas. Seus
principais representantes foram Robert Owen (1771-1858, rico industrial inglês,
Saint-Simon (1760-1825) e Charles Fourier (1772-1837), ambos franceses.
Socialismo científico
O socialismo científico tem por fundamento a interpretação
econômica da História e pregava o triunfo final dos trabalhadores através da
própria luta do proletariado. Seus representantes foram Karl Marx (1818-1883),
advogado alemão de origem judaica, e Friedrich Engels (1820-1895), compatriota
e colaborador de Marx. O socialismo científico pode também ser chamado de
revolução social do marxismo.
Socialismo cristão
A Igreja, diante dos problemas sociais, sobretudo os da
classe operária, preconizou reformas em bases cristãs. Combateu a violência e a
revolução social do marxismo. Entre os principais documentos que contêm os
princípios da doutrina social da Igreja está a Rerum Novarum, encíclica do papa
Leão XIII, prumulgada em 1891. O quadrgésimo ano da Rerum Novarum foi
comemorado com a publicação da encíclica Quadragesimo Anno (1931) do papa Pio
XI. Do papa João XXIII temos: Pacem in Terris e Mater et Magistra. O papa Paulo
VI é o autor de Populorum Progressio eHumanae Vitae, esta última sobre o
controle da natalidade.
A industrialização no Brasil
.
O Brasil, como uma antiga colônia de uma nação europeia, faz
parte de um grupo de países de industrialização tardia.
Bibliografia
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Editora da Universidade de São Paulo, Imprensa Oficial do Estado, 2001. ISBN
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HOBSBAWM, Eric J.. Da Revolução Industrial Inglesa ao
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SOUZA, Osvaldo Rodrigues de. História Geral São Paulo:
Editora Ática, 1990. ISBN 85-08-02735-5
MELANI, Maria Raquel Apolinário. Projeto Araribá - História
7ª São Paulo: Editora Moderna, 2006.
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